Escrevo pois sou escravo de todo o papel,
Sou servo da minha vontade de escrever.
Rescrevendo o que não sou mas penso ser.
Querendo atingir o inalcançável,
Incomensurável desgosto sinto.
Vivo,
Por cada vazio que imprimo ao meu ser.
Falsifico sentimentos abstractos,
Concretizo a minha ideia de sentir,
Que não sendo concretizável,
Apenas me faz mentir.
Minto e Sinto,
Tudo de uma vez,
Passo,
Escrevo,
Rescrevo,
Volto a mentir,
Cedo à razão de enfatizar,
De sublinhar,
De falsificar o que não pode ser lido,
Nem escrito.
Sou um surdo a quem a poesia soa prosa.
Sou um pseudo ser,
Que pensa ser,
Mas não sabe o que quer.
Sou uma história por acabar.
Uma revolta interna,
Por se concretizar.
Um nada que quer tudo,
E no fim não tem nada
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