Se o tombo não te deixa,
Se aleija e te ameaça
Se te amordaça.
Se te amarra.
Foge, corre, vive,
Luta, desaparece e renasce,
De tarde o que custa mais é ser cedo
Pois cedo entardece e chega a noite
Anoitece o desejo,
Desaparece a verdade,
Ressurge a incompreensão
De algo que surgiu como quase
O quadro pintou-se sozinho,
E agora tem de se apagar,
Ao quadro não chamo destino,
Chamo desaguar.
Peço ao fim um novo início,
Um recomeço,
Peço ao céu uma nova imagem,
Um novo desassossego,
Não consigo viver com a imagem,
Não consigo pensar com o que surge,
Urge a vontade de desaparecer,
De aparecer num outro lugar.
De esquecer toda a mágoa,
De apagar todo o mar.
Quero um novo azul,
Um novo céu,
Quero ter poder de aquilo que é meu.
Quero parar de me iludir,
De ser mandado,
Enganado,
Subterrado pelo desejo de querer,
Entornado pelo ser e não ser.
Enganos da alma,
Que contagiam o coração,
Enganos da vida,
Que enganam a razão.